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7 de Setembro e o Processo de Independência do Brasil

7 de Setembro e o Processo de Independência do Brasil

A Independência do Brasil, um dos momentos mais cruciais na história do país, foi proclamada por D. Pedro às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822. Esse evento histórico representou o desfecho de um processo complexo, influenciado pelo crescente afastamento entre os brasileiros e os portugueses a partir de 1820.

As tentativas das Cortes portuguesas de recolonizar o Brasil só fortaleceram os sentimentos de independência que se espalhavam na colônia.

Pedro liderou o processo de independência com a orientação estratégica de José Bonifácio, um defensor da ideia de transformar o Brasil em uma monarquia constitucional não liberal.

A declaração de independência marcou apenas o começo de um período turbulento, caracterizado pelas Guerras de Independência, que perduraram até 1824, quando os portugueses finalmente reconheceram a independência do Brasil em 1825.

 

Causas do 7 de setembro

A Independência do Brasil foi acelerada por uma série de eventos ocorridos em Portugal ao longo do século XIX. Para entender as mudanças no Brasil e o início da busca pela independência, é essencial considerar o contexto histórico em Portugal.

Um ponto crucial foi a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, quando Portugal se recusou a aderir ao bloqueio continental imposto pela França.

João, regente de Portugal, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e implementou medidas que beneficiaram a colônia. Ele abriu o comércio brasileiro para nações amigas, incentivou a indústria e a economia local, e promoveu o avanço das artes e ciências.

Durante esse período, o Brasil viu seu status elevar-se em 1815, quando deixou de ser uma mera possessão portuguesa e tornou-se parte integrante do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Isso impulsionou o crescimento da cidade do Rio de Janeiro, cuja população dobrou ao longo do período.

No entanto, no final da década de 1810, surgiram descontentamentos com a Coroa portuguesa, devido ao aumento dos impostos e à presença significativa de tropas portuguesas no Brasil, que resultou diretamente da permanência de D. João VI no país.

Entretanto, naquela época, havia pouco espaço para que um movimento de independência se consolidasse.

A virada nos acontecimentos ocorreu em Portugal a partir de 1820. As mudanças no cenário político e social em Portugal abriram caminho para o movimento de independência ganhar força no Brasil.

Para uma compreensão mais completa dessa reviravolta e suas consequências, é importante estudar a chegada da família real portuguesa.

Embarque da Família Real Portuguesa

A Revolução Liberal do Porto: A Rota da Independência do Brasil

No ano de 1820, Portugal foi palco de uma revolução liberal que almejava transformações profundas no país. Esse movimento ganhou força devido ao descontentamento generalizado entre os portugueses, impulsionado por diversos fatores que abalavam a estabilidade política e econômica da nação.

Desde a abertura da economia e do comércio brasileiros em 1808, a situação econômica de Portugal estava em declínio, prejudicando os negócios dos comerciantes e agravando a insatisfação popular.

Outro elemento que contribuiu para o descontentamento foi a permanência da família real no Brasil desde 1808, após a fuga de D. João VI. A ausência do monarca na metrópole e sua relutância em retornar geravam inquietação e incertezas sobre o futuro político de Portugal.

Além disso, a presença significativa de ingleses nas forças armadas portuguesas também desagradava parte da população, alimentando o sentimento nacionalista.

Diante desse contexto tumultuado, a burguesia portuguesa iniciou um movimento em busca de reformas, formando uma junta para administrar o país e convocando as Cortes portuguesas, o órgão legislativo do país.

O principal objetivo das Cortes era elaborar uma nova Constituição que limitasse consideravelmente o poder do rei português, estabelecendo uma monarquia constitucional.

As Cortes tiveram sucesso nesse intento, e, em fevereiro de 1821, D. João VI foi obrigado a jurar fidelidade à nova Constituição portuguesa.

No entanto, a demanda das Cortes para que o rei regressasse à metrópole gerou tensões no Brasil. D. João VI relutava em retornar, e o debate sobre sua permanência ou partida provocou manifestações populares no Rio de Janeiro a favor de sua permanência no Brasil.

Essa situação delicada fez com que o rei temesse perder o trono de Portugal, levando-o a decidir finalmente regressar a Lisboa em abril de 1821. Nesse momento, ele deixou seu filho, D. Pedro, como regente do Brasil.

Antes de sua partida, D. João VI aconselhou D. Pedro, reconhecendo a possibilidade de um processo de independência no Brasil. O rei expressou que, caso a independência fosse iniciada, seria preferível que ela fosse liderada por D. Pedro, devido ao seu compromisso de lealdade ao trono português, em vez de ser conduzida por uma figura desconhecida.

Esse conselho de D. João VI deixou um legado significativo para o futuro do Brasil, já que, em pouco tempo, D. Pedro se tornaria uma figura central no processo de independência do país.

Em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, D. Pedro proclamou a independência do Brasil, dando início a uma nova era na nação.

Príncipe Pedro rodeado por uma multidão em São Paulo depois de dar a notícia da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. (Domínio Público)

O Caminho Rumo à Autonomia do Brasil: O Processo de Independência

O processo de independência do Brasil representa um momento crucial em sua história, liderado por D. Pedro e assessorado por destacadas figuras como José Bonifácio de Andrada e sua esposa, D. Maria Leopoldina.

O Brasil desfrutou de um período de relativa estabilidade sob o domínio da família real portuguesa, porém, mudanças nos interesses entre as Cortes portuguesas e as demandas brasileiras desencadearam uma ruptura que culminou na busca pela autonomia política.

A tensão começou quando as Cortes indicaram que o Brasil teria apenas 77 deputados como seus representantes, uma quantia que não refletia adequadamente a representatividade e os interesses da colônia.

Esses deputados brasileiros chegaram a Lisboa em agosto de 1821, mas as Cortes já estavam reunidas desde janeiro, com objetivos específicos voltados para o Brasil. Entre esses objetivos, estava a intenção de centralizar o poder em Lisboa e revogar a abertura comercial promovida por D. João VI, buscando submeter novamente a colônia à autoridade portuguesa.

Para os políticos brasileiros, essas medidas pareciam uma tentativa de recolonização e foram recebidas com grande insatisfação. Além disso, os representantes brasileiros em Portugal observaram a forma desrespeitosa com que o Brasil e seus cidadãos eram tratados na Corte, intensificando o descontentamento.

A divergência de interesses marcou o início do processo de ruptura entre Brasil e Portugal. Entre 1821 e 1822, as relações se deterioraram ainda mais, fortalecendo o chamado “partido brasileiro”, que advogava pela separação do Brasil de Portugal.

Pedro, como regente, assumiu a liderança dos defensores da independência, mas seu protagonismo efetivo só veio a partir de 1822.

Em 1821, novas ordens de Portugal geraram irritação, principalmente no Rio de Janeiro. As instituições estabelecidas por D. João VI na cidade deveriam ser transferidas para Portugal, e D. Pedro deveria retornar a Lisboa.

No entanto, houve uma mobilização em apoio à permanência do regente, resultando na formação de um clube de defensores de sua estadia no Brasil, com coleta de assinaturas em seu favor.

Maria Leopoldina desempenhou um papel fundamental na decisão de D. Pedro de permanecer, o que ficou conhecido como o “Dia do Fico”, um marco significativo na independência do Brasil, já que o regente desobedeceu diretamente uma ordem de Portugal.

A ideia da independência ganhou coesão política e apoio de diversos grupos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A proposta de José Bonifácio de estabelecer uma monarquia que evitasse o fortalecimento de ideais populares e liberais também ganhou influência.

Em maio, D. Pedro assinou um decreto que estipulava que as decisões da Corte só teriam validade no Brasil com sua aprovação.

Em junho, uma Constituinte foi convocada para elaborar a Constituição do Brasil, um passo claro em direção à obtenção de maior autonomia para o país.

Finalmente, em agosto, D. Pedro emitiu uma ordem afirmando que as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil a partir de então seriam consideradas inimigas, solidificando a posição do Brasil como uma nação em busca de sua independência.

 

Quais Foram os Desdobramentos da Independência do Brasil?

A Independência do Brasil acarretou uma série de impactos significativos para a nação.

Algumas das principais consequências destacadas por historiadores e especialistas incluem:

 

Soberania e Autonomia: A independência assegurou ao Brasil sua soberania e autonomia como nação, rompendo com o domínio colonial português. O país conquistou a capacidade de tomar suas próprias decisões políticas, econômicas e sociais, forjando assim seu próprio destino.

Formação de um Estado Nacional: O processo viabilizou a constituição de um Estado nacional brasileiro. Com a separação de Portugal, o Brasil teve a oportunidade de estabelecer suas instituições políticas e administrativas, edificando uma estrutura de governo própria e lançando as bases para a consolidação do Estado brasileiro.

Estabilidade Política: Apesar de enfrentar um período de turbulência política após a independência, o Brasil logrou uma relativa estabilidade política.

A proclamação da independência e o governo de Dom Pedro I contribuíram para estabilizar o país, permitindo a implementação das medidas e políticas necessárias à construção e consolidação do Estado brasileiro.

Economia e Comércio: A independência também repercutiu na economia brasileira. O Brasil ganhou a liberdade de estabelecer suas próprias políticas comerciais, buscando ampliar as relações comerciais com outras nações e explorar seus recursos naturais de maneira mais eficaz.

Essa autonomia econômica impulsionou o crescimento e desenvolvimento do país ao longo do tempo.

Desafios Sociais e Políticos: No entanto, a independência não resolveu instantaneamente todos os desafios sociais e políticos que o Brasil enfrentava.

Questões como a escravidão, a desigualdade social, a carência de infraestrutura e a construção de uma identidade nacional ainda persistiam. Esses desafios deram origem a lutas e movimentos ao longo dos anos, moldando a história e trajetória do país.

 

Conclusão

É importante observar que essas são apenas algumas das repercussões da Independência do Brasil. O processo de construção da nação brasileira e a consolidação de sua identidade como país independente continuaram a evoluir ao longo dos anos, influenciando diversos aspectos da sociedade brasileira até os dias atuais.

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