Odin, também conhecido como “Pai dos Deuses”, é uma das figuras mais destacadas e reverenciadas na mitologia nórdica. Reconhecido por sua notável destreza, comportamento enigmático e profunda ligação com a sabedoria e o conhecimento, sua representação costumeira o apresenta como uma figura majestosa, adornada com uma longa barba e olhar perspicaz. Sua influência sobre a mitologia e o folclore tem fascinado a humanidade ao longo de inúmeras eras.
Significado do Nome
A etimologia do nome “Odin” nos leva ao nórdico antigo, onde é traduzido como “Óðinn”. Essa palavra é composta por duas partes: “óðr”, que carrega significados como “fúria, raiva, paixão, êxtase ou inspiração”, e o sufixo masculino definido “-inn”. A tradução resultante é “a Fúria”.
O cronista alemão Adam de Hamburgo, em seu trabalho do século XI intitulado “História dos Arcebispos de Hamburgo-Bremen”, propôs essa interpretação literal.
Outras traduções sugeridas incluem “o furioso”, “o apaixonado”, “o inspirado” e, de maneira mais apropriada, “o inspirador”. Essa escolha de nome reflete a crença de que Odin era uma fonte de inspiração para a fúria, paixão e êxtase, mesmo que fosse definido por essas características.
Essa nomenclatura se alinha harmoniosamente com a figura do deus, pois ele personifica uma espécie de fúria e paixão inspiradoras que permeiam seus muitos aspectos e ações. Em todas as suas facetas – como guerreiro e rei, xamã e vidente, viajante e trapaceiro – Odin canaliza uma intensidade concentrada e uma determinação de propósito.
Esse foco intenso foi uma dádiva, uma vez que áreas como conhecimento, magia e guerra – entre outros domínios que Odin dominava – exigiam essa intensidade.
Odin era reconhecido e mencionado comumente em outras línguas germânicas: em inglês antigo, ele era conhecido como “Wōden”, em saxão antigo como “Wōdan” e em alemão antigo como “Wuotan” e “Wotan”. O nome do deus também deu origem à palavra “quarta-feira”, que significa “dia de Wōden”.
Origem, Características e Genealogia
O próprio nome em inglês moderno ‘Odin’ é uma tradução do nórdico antigo ‘Óðinn’, que deriva da forma masculina de ‘óðr’, que significa ‘motivação’, ‘entusiasmo’ ou ‘inspiração’. O Allfather é um personagem que precede a Era Viking e foi mencionado já em 12 AC por historiadores romanos durante a conquista da Germânia.
Além de ser uma das divindades proeminentes na mitologia nórdica, Odin também é uma figura presente na mitologia germânica, onde era conhecido pelos nomes ‘Woden’ e ‘Wōdan’ no inglês antigo e no saxão. Ele desempenhava um papel na cultura mitológica germânica mais ampla e não era exclusivo da mitologia nórdica, como muitos dos outros deuses.
Frequentemente, ele era considerado uma figura ancestral e fundador de diversas tribos germânicas. A palavra em inglês moderno para ‘quarta-feira’ tem suas raízes no inglês antigo ‘wōdnesdæg’, que significa ‘dia de Woden’.
Essa influência também se estende a outras línguas germânicas, onde o equivalente ao nórdico antigo ‘Óðinsdagr’ foi adaptado para o norueguês moderno, sueco e dinamarquês como ‘Onsdag’.
Assim como é comum na mitologia nórdica, a árvore genealógica de Odin era extremamente complexa. Ele nasceu do casamento entre Burr e Bestla, uma giganta Jotun. Com sua esposa, Frigg, ele teve um filho querido, Baldur. Entretanto, Odin teve vários relacionamentos extraconjugais, sendo o mais notório com Jord, com quem ele teve outro deus nórdico proeminente, Thor.
Houve também especulações sobre um caso entre Odin e Sif, que era esposa de Thor, e a paternidade de seu filho, Ullr, é atribuída a Odin. Por outro lado, não se sabia quem eram as mães de seus filhos Hodr e Bragi.
Havia incerteza quanto à relação entre Odin e Freya. Diversas teorias circulavam sobre a identidade do marido de Freya, conhecido como ‘Odr’, cujo nome tinha o mesmo significado de Odin no nórdico antigo. Além disso, havia especulações de que Freya e Frigg poderiam ser nomes diferentes para o mesmo personagem, e suas histórias divergiram ao longo do tempo.
O último filho de Odin foi o travesso Loki, embora ele não fosse seu filho biológico. Loki nasceu de pais Jotun, Farbautey e Laufey, mas foi criado por Odin quando criança e cresceu em Asgard como um dos deuses.
A Relação de Odin com as Runas
Assim como em muitas das sagas em que ele é retratado, a Edda Poética narra como o desejo insaciável de conhecimento de Odin o conduziu a realizar sacrifícios monumentais. Neste relato específico, ele empreendeu uma jornada até o poço de Urd, situado na base da Yggdrasil, a árvore da vida.
A Yggdrasil, a gigantesca árvore que se erguia do poço de Urd, era o epicentro de segredos profundos e misteriosos, habitados por inúmeras criaturas místicas e poderosas. Entre essas entidades, destacavam-se as Norns, um trio de magas que guardava o conhecimento das runas, as quais gravavam no tronco da Yggdrasil, moldando o destino dos habitantes dos nove reinos.
A busca incansável por esse poderoso domínio mágico instigou Odin, levando-o a ansiar pela sabedoria das Norns. Para provar sua determinação inquebrável e merecimento pelo conhecimento das runas, Odin executou um ato extenuante.
Ele se suspendeu na grandiosa árvore e, simultaneamente, empalou-se com Gungnir, sua lança mágica, durante um período extenso de nove dias completos. Durante todo esse tempo, recusou a assistência de seus companheiros deuses.
Ao término do nono dia, Odin fixou seus olhos nas profundezas do poço e testemunhou a revelação das runas. Seu sacrifício atestou sua dignidade para portar esse conhecimento monumental, e ele não apenas desvendou a forma das runas, mas também desvendou seus atributos mágicos e poderes secretos.
Equipado com esse novo entendimento, o Allfather regressou a Asgard e governou os nove reinos como uma das entidades mais temidas e poderosas do universo.
As habilidades mágicas proporcionadas pelo conhecimento das runas possibilitaram a Odin ressuscitar os mortos, curar ferimentos de guerreiros, proteger aliados no campo de batalha, extinguir incêndios e aniquilar magias negras, conforme relatado na Edda Poética.
Odin na Mitologia Nórdica
A narrativa que envolve o deus Odin é intrincada e cativante, enraizada profundamente na mitologia e no folclore nórdicos. Conforme a lenda, Odin nasceu de uma união peculiar entre o gigante Ymir e a vaca Audhumla, que incessantemente lambia o gelo até revelar Odin.
Outras fontes sugerem que o progenitor de Odin era Borr, uma divindade de origem misteriosa que é considerada uma das primeiras entidades divinas na mitologia nórdica. Relata-se que Borr gerou três filhos: Odin, Vili e Ve, e juntos, derrubaram o gigante Ymir e moldaram o mundo tal como o conhecemos.
Enquanto era um jovem deus, Odin empreendeu uma jornada ousada ao reino dos gigantes, onde adquiriu conhecimento, sabedoria e habilidades mágicas desses seres imponentes. A busca de Odin também o conduziu ao domínio dos mortos, onde encontrou a deusa Hel, que governava o submundo.
Nesse encontro, Odin estabeleceu um pacto com Hel, oferecendo o sacrifício de um de seus próprios olhos em troca de sabedoria e conhecimento. Desde então, Odin passou a ser conhecido como o deus “caolho”, e o olho remanescente era dito possuir poderes extraordinários e visão notável.
Continuando sua ascensão, Odin conquistou poder e influência no panteão dos deuses nórdicos, eventualmente ascendendo à posição de líder. Ele era renomado por sua liderança ferrenha e estratégica, assim como por seu profundo conhecimento em magia e na natureza do mundo. A sabedoria e o entendimento de Odin eram inestimáveis, levando outros deuses e mortais a frequentemente buscarem sua orientação e conselhos.
Resumindo
Em última análise, Odin permanece como uma figura icônica na mitologia nórdica, representando não apenas o desejo insaciável por sabedoria, mas também a liderança e a coragem necessárias para buscar o conhecimento profundo em face de desafios extraordinários. Sua história continua a fascinar e a inspirar, lembrando-nos da importância de valorizar o poder do conhecimento e da sabedoria em nossas próprias jornadas.
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Referências:
Davidson, H. R. Ellis. Gods and Myths of Northern Europe. Penguin Books, 1990.
Lindow, John. Norse Mythology: A Guide to Gods, Heroes, Rituals, and Beliefs. Oxford University Press, 2001.
Simek, Rudolf. Dictionary of Northern Mythology. D. S. Brewer, 1996.