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Ninhursag, A Deusa Mãe Suméria

Ninhursag, A Deusa Mãe Suméria

Ninhursag, também conhecida como Ninhursaga, ocupa um lugar de destaque no antigo Panteão Mesopotâmico como a Deusa Mãe Suméria. Sua importância transcende os séculos, e ela é venerada como a Mãe dos Deuses e dos Homens, devido ao seu papel na criação de seres divinos e mortais.

Esta deusa assumiu a posição de uma Deusa Mãe anterior, Nammu, também conhecida como Namma, cujo culto remonta à Dinastia III (2600-2334 a.C.) do Período Dinástico Inicial (2900-2334 a.C.). Ela é conhecida por diversos nomes que variam de acordo com o mito ou contexto específico em que é mencionada.

 

A Evolução de Ninhursag

Ninhursag, originalmente chamada Damkina e Damgalnuna na Suméria, era uma deusa mãe nutridora associada à fertilidade, particularmente na cidade de Malgum. Seu consorte era Sul-pa-e, um deus menor ligado ao submundo, com quem gerou três filhos: Asgi, Lisin e Lil.

Ela também é frequentemente retratada como esposa e consorte de Enki, o deus da sabedoria, entre outros atributos. O nome “Ninhursag” tem origem no poema Lugale, no qual Ninurta, deus da guerra e da caça, triunfa sobre o demônio Asag e seu exército de pedra, erguendo uma montanha com seus cadáveres.

Ninurta atribui a glória de sua vitória à sua mãe, Ninmah, que é então renomeada como Ninhursag.

 

Os Diversos Aspectos da Deusa Mãe Suméria

Ninhursag é reconhecida por vários títulos em diferentes culturas. Ela é conhecida como Nintud/Nintur, a “Rainha da Cabana de Nascimento,” e para os acadianos, ela é Belet-ili, a “Rainha dos Deuses.” Outros nomes incluem Makh, Ninmakh, Mamma, Mama e Aruru.

Sua representação iconográfica consiste em um símbolo semelhante ao grego Ômega, muitas vezes acompanhado por uma faca, que simboliza o útero e a lâmina usada para cortar o cordão umbilical, refletindo assim o seu papel como deusa mãe.

A adoração a Ninhursag remonta a pelo menos 4.500 a.C., durante o Período Ubaid (c. 5.000-4100 a.C.), evidenciando sua importância na cultura mesopotâmica.

Ela desempenha um papel vital na fertilidade, crescimento, transformação, criação, gravidez, parto e nutrição, sendo uma das quatro divindades criadoras na crença religiosa suméria, ao lado de Anu, Enlil e Enki, e é mencionada em diversos mitos mesopotâmicos fundamentais.

 

A Grande Mãe Criadora

Uma divindade primordial, a Grande Mãe, desempenhou o papel fundamental de gerar tanto seres humanos quanto deuses. Ela ocupava um lugar de destaque entre as quatro divindades criadoras no antigo panteão sumério e era uma figura central em quase todos os mitos dessa cultura.

Os sumérios a viam como Ninhursag, a Grande Mãe, responsável por supervisionar e nutrir o crescimento. Além disso, ela desempenhava um papel essencial na proteção das mulheres e das crianças, bem como no processo de nascimento, desde a concepção até o parto.

As mulheres recorriam a ela em suas preces em busca de auxílio na concepção e de proteção durante a gravidez. Uma representação comum a retratava segurando uma criança que mamava em seu seio esquerdo, simbolizando seu papel como provedora de vida.

Friso do templo de Mari: contendo símbolos de Ninhursag e seu filho Ninurta. (Domínio Público)

O Mito de Ninhursag e Enki

A história de Ninhursag e Enki lança luz sobre as origens do mundo, que tiveram início em um paraíso conhecido como Dilmun, comparável ao Jardim do Éden na narrativa bíblica da criação. Segundo o mito, após se afastar para contribuir com o processo de criação, retornou ao jardim durante o inverno, onde conheceu Enki, o deus da magia e da sabedoria. Entre eles, floresceu um amor profundo.

Em algumas outras narrativas, Ninhursag é mencionada como co-criadora e esposa do deus do céu, Anu, enquanto outros mitos a associam ao deus acadiano Kishar. Independentemente da versão, Ninhursag sempre manteve seu lugar no panteão das divindades principais.

 

Templos e Declínio da Adoração

A adoração a Ninhursag era amplamente difundida na Suméria, resultando na construção de templos dedicados a ela em várias cidades, como Adab e Kesh. Em Kesh, seu templo recebeu o nome de Belet-ili de Kesh.

Outras cidades importantes que abrigavam templos em sua honra incluíam Mari, Ur, Uruk, Lagash e Ashur. Embora não houvesse rituais semanais marcando seu culto, festivais anuais celebravam essa deusa.

Os devotos a veneravam principalmente em suas casas, reservando a adoração pública para esses eventos festivos. Contudo, por volta do segundo milênio a.C., a adoração de divindades femininas, incluindo Ninhursag, começou a declinar, dando lugar a divindades masculinas, como Ashur, que se tornaram mais proeminentes e poderosas na religião mesopotâmica.

Essa mudança culminou, por volta de 612 a.C., no declínio da adoração a Ninhursag.

 

Resumindo

Em resumo, a figura de Ninhursag, a Grande Mãe Suméria, desempenhou um papel vital na mitologia e na vida cotidiana dessa civilização milenar. Sua presença como a Mãe dos Deuses e dos Homens, sua influência sobre a fertilidade, o crescimento e o processo de nascimento, assim como seu envolvimento nos mitos de criação, tornaram-na uma figura central na cultura suméria.

No entanto, o legado de Ninhursag perdura como uma recordação da importância das divindades femininas na história da humanidade e como um reflexo das complexidades da espiritualidade e da mitologia sumérias.

Sua influência transcendente na vida das pessoas da antiga Suméria continua a nos fascinar e a nos lembrar da riqueza da herança cultural que herdamos das civilizações antigas.

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