A mitologia chinesa constitui uma rica amalgama de histórias culturais, contos populares e tradições religiosas que foram transmitidos ao longo de séculos, seja de forma oral ou escrita. Engloba diversos aspectos, desde mitos e lendas de criação até narrativas relacionadas à fundação da cultura e do estado chinês.
Em grande parte, os relatos mitológicos chineses abordam questões morais, servindo como veículo para informar as pessoas sobre sua cultura e valores. Como muitas outras mitologias, há quem acredite que, ao menos em parte, ela sirva como um registro factual da história.
Os mitos chineses são geralmente atribuídos a um período por volta do século XII a.C. Durante mais de mil anos, essas histórias foram transmitidas oralmente antes de serem registradas em obras como Shui Jing Zhu e Shan Hai Jing, que constituem fontes fundamentais para os mitos contemporâneos.
Uma intensa interação entre a mitologia chinesa e os principais sistemas de crenças, como confucionismo, taoísmo e budismo, foi observada ao longo do tempo. Elementos da mitologia pré-existente foram adaptados a esses sistemas, enquanto alguns ensinamentos e crenças dessas filosofias também foram incorporados à mitologia chinesa.
Por exemplo, a crença taoísta em um paraíso espiritual foi integrada à mitologia, representando o local onde imortais e divindades habitam. Mitos enaltecendo os governantes benevolentes do passado, como os Três Augustos e os Cinco Imperadores, tornaram-se parte integrante da filosofia política confucionista.
Explorando a Antiguidade da Cultura Chinesa
Os chineses, com justificado orgulho, ressaltam a extensa história de sua cultura, uma civilização avançada que se estende por milênios. No entanto, ao aprofundar a investigação, a verdadeira antiguidade se revela nos vestígios históricos, especialmente aqueles relacionados à escrita chinesa, datando do século XIII a.C.
Ao contrário de muitas culturas que possuem mitos sobre deuses criadores, a mitologia chinesa tece narrativas sobre indivíduos que desempenharam papéis cruciais na construção e reparo do mundo em períodos caóticos. Figuras como Pan Gu, Nü Wa, Fu Xi e Lord Yi desempenharam funções significativas, moldando o mundo com suas proezas heroicas e inovações.
A rica mitologia chinesa tem suas raízes nos reinos do sul, especialmente Chu, Wu e Yue. Contos de controladores de água, como Gun, Gong Gong, Yu, o Grande, e Shun, emergiram nessas regiões, destacando a importância da prevenção de inundações para as comunidades.
Evolução da Mitologia ao Longo do Tempo
Ao longo dos séculos, a mitologia chinesa passou por um processo de desenvolvimento, integrando novos elementos e personagens. Durante os tempos imperiais, diversas histórias foram escritas ou criadas, introduzindo deidades como o Deus do Rio Ju Ling e a Rainha Mãe do Ocidente, Xiwangmu. Durante o período da Primavera e do Outono, o mito do Imperador Amarelo e de outros governantes proeminentes tornou-se uma temática central.
A mitologia chinesa solidificou-se em um panteão unificado, representando divindades ancestrais. A classificação dos “Três Augustos” e “Cinco Imperadores” começou a ganhar forma durante os períodos dos Reinos Combatentes e Han. No entanto, críticas surgiram nos períodos Tang e Song, e estudiosos posteriores destacaram a criação desses mitos a partir de contos locais e mitos tribais.
A compreensão moderna da mitologia chinesa se beneficia da análise crítica de estudiosos como Kang Youwei, Xia Zengyou e Gu Jiegang, que desvendaram a composição diversificada dessas narrativas antigas, revelando as influências das esferas culturais orientais, ocidentais e tribais no desenvolvimento desses contos tradicionais.
Registros Históricos da Mitologia Chinesa
Os historiadores sugerem que a origem da mitologia chinesa remonta ao século XII a.C. Esses mitos e lendas foram transmitidos oralmente por mais de mil anos antes de serem registrados em obras antigas, como Shui Jing Zhu e Shan Hai Jing. A transmissão continuou por meio de tradições orais, como o teatro, a dança e a música, antes de serem consolidados em romances, como o Fengshen Yanyi. Grande parte dos mitos existentes hoje é derivada dessas fontes.
O Shan Hai Jing (Pergaminho da Montanha e do Mar) fornece detalhes extensos sobre mitos, bruxaria, religião, geografia, mar, montanhas, história, medicina, costumes e etnias da antiga China. É considerado uma das primeiras enciclopédias chinesas, e em chinês Wu, a expressão idiomática “falar sobre o Shan Hai Jing” é usada para se referir a fofocas ou conversas fiadas.
O Shui Jing Zhu (Comentários sobre o Pergaminho da Água), inicialmente destinado a comentar um trabalho mais breve, tornou-se famoso por seu amplo registro de geografia, história e lendas associadas.
O Hei’an Zhuan (Épico das Trevas) é uma coleção épica única de lendas preservadas pela comunidade Han da China, habitantes da região montanhosa de Shennongjia em Hubei. Esse épico abrange desde o nascimento de Pangu até períodos históricos.
Documentos históricos imperiais e cânones filosóficos, como Shangshu, Shiji, Liji, Lushi Chunqiu, entre outros, contêm informações sobre a fundação da China e os lendários imperadores e heróis que moldaram a nação e sua cultura.
Alguns mitos sobrevivem em formas teatrais ou literárias, como peças de teatro ou romances. Entre as ficções mitológicas importantes estão a poesia em versos de estados antigos, como Lisao de Qu Yuan, do estado de Chu; Fengshen Yanyi, conhecido como Unção dos Deuses, abordando a fundação da dinastia Zhou; Journey to the West, de Wu Cheng’en, um relato fictício da peregrinação de Xuanzang à Índia, repleto de fantasmas, monstros e demônios; e Baishe Zhuan, um conto romântico ambientado em Hangzhou, envolvendo uma cobra que assume forma humana e se apaixona por um homem.
Fontes Literárias da Mitologia Chinesa
A mitologia chinesa é preservada na literatura e tem sido adaptada à cultura popular nos tempos modernos. Os primeiros registros textuais sobre a mitologia chinesa remontam à dinastia Zhou posterior, e ao longo das dinastias Qin, Han e subsequentes, a mitologia continuou a evoluir. Aqui estão alguns dos principais:
O Clássico das Montanhas e dos Mares: Um dos textos chineses mais antigos, este compêndio contém uma coleção de mitos e lendas antigas. Descreve a geografia e as criaturas da China antiga, apresentando diversas histórias sobre os deuses e deusas da época.
O Livro das Mutações (I Ching): Este antigo manual de adivinhação não apenas oferece insights sobre o futuro, mas também contém referências à mitologia chinesa. Descreve a interação entre as forças da natureza e os seres humanos, incorporando histórias sobre os deuses e deusas que governam essas forças.
A Jornada ao Oeste: Um romance clássico chinês que narra a história do Rei Macaco e sua jornada à Índia em busca da imortalidade. Repleto de criaturas e deuses míticos, é considerado uma das grandes obras da literatura chinesa.
A Margem da Água: Outro romance clássico chinês que relata a saga de bandidos que se unem para combater autoridades corruptas e vilões. Inclui diversas criaturas e deuses míticos, sendo reconhecido como uma das obras destacadas na literatura chinesa.
Os Três Reinos: Um romance clássico que aborda a narrativa dos estados de Wei, Shu e Wu durante o período dos Três Reinos. Recheado de criaturas e deuses míticos, é celebrado como uma das grandes contribuições à literatura chinesa.
Os Registros do Grande Historiador: Texto histórico escrito pelo renomado historiador chinês Sima Qian, contendo muitas referências à mitologia chinesa, incluindo relatos sobre os deuses e deusas da China antiga.
O Livro dos Ritos: Coleção de textos antigos que descrevem os rituais, cerimônias e costumes da China antiga, incorporando várias referências à mitologia chinesa, incluindo histórias sobre os deuses e deusas da época.
Artefatos e Armas Mágicas na Mitologia Chinesa
A mitologia chinesa está repleta de artefatos e armas associados aos deuses e deusas do panteão chinês. Aqui estão alguns dos mais notáveis:
- Pérola do Marquês de Sui: Esta preciosa pérola é famosa por sua conexão com um conto popular do período dos Reinos Combatentes, representando o primeiro exemplo conhecido do motivo “Animais Gratos”. Na literatura chinesa, tornou-se uma metáfora para subestimar algo ou alguém valioso.
- Espada de Goujian: Fabricada em estanho e bronze, a Espada de Goujian é conhecida por sua afiação e resistência a manchas. Atribuída a Goujian, um dos últimos reis de Yue, atualmente está sob a custódia do Museu Provincial de Hubei.
- Lâmina Crescente do Dragão Verde: Esta arma lendária foi empunhada pelo general chinês Guan Yu no romance “Romance dos Três Reinos”. A Lâmina Crescente do Dragão Verde, também chamada de Lâmina Frost Fair, é um guandao, um tipo tradicional de arma chinesa.
- Escudo de Han Feizi: Esta parábola conta a história de um homem tentando vender uma lança e um escudo. Ele alega que sua lança pode perfurar qualquer escudo, e seu escudo pode defender contra qualquer ataque de lança, resultando na expressão “zìxīang máodùn” ou “autocontraditório”.
As Três Principais Religiões na China
Na China, o culto universal aos antepassados, que historicamente representou a religião do Estado (até 1912 d.C.), é comumente conhecido como confucionismo. Além disso, coexistem as divindades das religiões específicas, originadas primariamente no culto aos antepassados, nomeadamente o budismo e o taoísmo. Outras religiões, embora toleradas, não recebem reconhecimento como religiões chinesas. Vamos agora explorar brevemente essa vasta hierarquia e sua mitologia.
Junto ao culto ancestral, que difere do culto estatal, a população adotou tanto o budismo quanto o taoísmo, tornando-se as religiões populares. Os literatos também prestavam homenagens aos deuses dessas duas correntes. Gradualmente, as divindades budistas foram integradas em templos taoístas, enquanto os imortais taoístas compartilhavam espaço com Budas em seus santuários.
Cada um patrocinava a divindade que considerava mais popular e vantajosa, chegando ao ponto de compartilhar o mesmo templo e adorar no mesmo altar os três fundadores religiosos proeminentes: Confúcio, Buda e Lao Tzŭ. As três religiões eram até consideradas como formando uma entidade coesa, ou pelo menos, embora distintas, compartilhando um mesmo objetivo: sanêrh i yeh, ou han san wei i, que significa “os três são um” ou “os três se unem para formar um” (uma citação de Fang Yü-lu: “Quando atingem o extremo, os três são vistos como um”). Essa imparcialidade é claramente evidenciada em representações pictóricas populares do panteão.
A tolerância, fraternidade ou fusão das três religiões – a adoração aos antepassados ou confucionismo, o budismo chinês e o taoísmo – explicam a natureza composta da tríade no panteão chinês. Numerosas divindades do Budismo e do Taoísmo formam cada uma uma tríade de deuses (os Três Preciosos e os Três Puros, respectivamente), mas as três religiões juntas também compõem uma tríade com um representante de cada uma.
Essa tríade geral ou supertríade é oficialmente composta por Confúcio, Lao Tzŭ e Buda, uma ordem decretada oficialmente, embora ocasionalmente seja alterada, com Buda ocupando o lugar central como um gesto cerimonial de deferência a um “estranho” ou “convidado” de outro país.
Mitos de Criação na Cultura Chinesa
Uma peculiaridade distintiva da cultura chinesa é a aparição relativamente tardia, na literatura chinesa, de mitos de criação. Estes mitos surgem após a fundação do confucionismo, taoísmo e das religiões populares. As narrativas existem em várias versões, frequentemente conflitantes, atribuindo a criação dos primeiros humanos a deidades como Shangdi, Céu (Tian), Nuwa, Pangu e Yu Huang.
Shangdi, que surge na literatura por volta de 700 a.C. ou anteriormente, conforme datado no Shujing (“Livro da História”), não possui uma narrativa específica de criação associada a ele, embora possa ser interpretado como um criador. Referências detalhadas a Shangdi como criador não são explicitamente identificadas até a Dinastia Han (206 a.C. – 222 d.C.).
Tian, ou Céu, também aparece na literatura por volta de 700 a.C. ou antes, dependendo da datação do Shujing. Não há narrativas específicas de criação associadas ao “Céu”, mas a interpretação de seu papel como criador é possível. Posteriormente, as qualidades de ‘Céu’ e Shangdi parecem se mesclar na literatura, sendo adoradas como uma entidade única, como no Templo do Céu em Pequim. A distinção entre eles é debatida.
Nüwa, que surge na literatura não antes de aproximadamente 350 a.C., é creditada por recriar ou criar a raça humana, junto com seu companheiro Fuxi, irmão e marido. São adorados como os ancestrais finais da humanidade, frequentemente representados como seres meio cobras e meio humanos. Nüwa também desempenhou o papel de reparar o céu após danos causados por Gong Gong.
Pangu, cuja aparição na literatura data de cerca de 200 d.C., é considerado o primeiro ser sensciente e criador. No início, um caos sem forma existia, e dele nasceu um ovo, que permaneceu por 18 mil anos. Quando as forças de Yin e Yang se equilibraram, Pangu emergiu e iniciou a criação do mundo. Com um golpe de seu grande machado, separou Yin e Yang, formando a Terra e os Céus. Pangu sustentou os Céus entre eles e descansou após dezoito mil anos, dando origem a elementos naturais e à vida.
Yu Huang, ou Imperador de Jade, incluindo representações como Yuanshi Tianzun e Huangtian Shangdi, aparecem na literatura após o estabelecimento do taoísmo na China.
Algumas Lendas e Mitos Chineses
Os Amantes das Borboletas
A narrativa de Mulan, amplamente difundida pela Disney, representa uma versão da emancipação feminina na antiga China, onde as mulheres, por vezes, precisavam se disfarçar de homens para alcançar seus objetivos. Essa temática também serve como base para a história de amor entre Yingtai e Shanbo.
Ambientada em algum momento entre os séculos III e V d.C., os protagonistas se encontraram em uma escola particular no leste da China. Apesar de serem iguais em suas atividades intelectuais e se tratarem como irmãos, Shanbo não tinha conhecimento de que Yingtai era, na verdade, uma mulher.
Quando Yingtai revelou sua identidade e sentimentos por Shanbo, este ficou atordoado. Ele finalmente reconheceu suas próprias emoções, embora um tanto tarde na narrativa, pois Yingtai já estava comprometida com um rico comerciante. A angústia dominou Shanbo, comprometendo sua saúde e levando-o a falecer prematuramente.
No caminho para seu casamento, ao visitar o túmulo de Shanbo, Yingtai bateu a cabeça na lápide e também veio a falecer. Borboletas surgiram – um símbolo de que as duas almas se reuniram na vida após a morte.
Os Oito Imortais Navegando pelo Mar
Afirma-se que os Oito Imortais, presentes tanto nas tradições taoístas quanto nas secularidades, representam um microcosmo de uma sociedade humana idealizada. Pessoas idosas, jovens, com deficiências e de identidades sexuais ambíguas unem-se em diversas ocasiões para superar desafios de proporções universais.
Num desses momentos, a caminho da festividade anual que comemora o aniversário da Rainha Mãe do Ocidente, conhecida como o Festival do Pêssego Mágico, os Oito Imortais depararam-se com uma extensa e turbulenta massa de água. Diante desse desafio, recorreram à magia coletiva para realizar a travessia.
O grupo travesso observou atentamente as singulares embarcações que lhes foram atribuídas: uma muleta, um cesto de flores, um leque de penas, uma mula de papel… Poderiam esses objetos transformar-se em veículos anfíbios capazes de transportar a tripulação? Conforme a lenda, a resposta é afirmativa. Os Oito Imortais chegaram em grande estilo como uma equipe coesa, mantendo a cabeça erguida perante os demais participantes da festividade.
Houyi e Chang’e
Houyi recebeu a árdua tarefa de extinguir os nove sóis que abrasavam a terra, trazendo fome, doenças e devastação inimaginável. Dotado de excepcionais habilidades como arqueiro, Houyi estava prestes a atingir o nono sol quando o imperador interveio a tempo, suplicando-lhe que poupasse o último sol e, com ele, todas as vidas na Terra.
Após realizar feitos heróicos adicionais, Houyi retornou para casa com o elixir da imortalidade, uma recompensa concedida pelos deuses. Contudo, sua esposa, Chang’e, consumiu o elixir de uma vez e foi sentenciada ao confinamento solitário no Palácio da Lua, acompanhada apenas por uma lebre viciada em drogas.
Essa história deu origem ao Festival do Meio Outono, celebrado no 15º dia do oitavo mês no calendário lunisolar, uma tradição observada em diversos países asiáticos. Na China, durante esse festival, é comum consumir bolos lunares que simbolizam a lua cheia, servindo como uma forma de lembrar entes queridos distantes.
Deidades Proeminentes no Panteão Chinês
A seguir, apresentam-se deuses e deusas em conformidade com a ordem dos registros chineses. É possível que figuras como Nuwa, Fuxi e P’an Ku tenham sido reconhecidas anteriormente à documentação escrita, sendo que algumas divindades da lista podem ter tido maior destaque em diferentes períodos históricos.
Dragão
O dragão, símbolo ancestral na China, remonta a artefatos do sítio neolítico de Banpo (c. 4500-3750 a.C.). Representando a fusão de energias yin e yang, inicialmente era percebido como uma força equilibradora, sábia e justa. O Dragão Yinglong, conhecido como O Rei Dragão, era venerado como deus da chuva e do mar, recebendo preces de marinheiros e agricultores necessitados de chuva. Sua forma podia variar, retratando-o como um sábio humano ou uma presença divina em um barco.
Shangti
Shangti, também referido como Imperador de Jade ou Yu Huang Shang-Ti, personificava a divindade suprema ligada à lei, ordem, justiça e criação. Reconhecido como ancestral primordial dos chineses, Shangti governava cultura, arquitetura, habilidades militares, agricultura, clima e estações.
Predominantemente adorado na Dinastia Shang, posteriormente foi substituído pelo conceito de Tian (Céu) durante a Dinastia Zhou. No entanto, ressurgiu como Shangti no Período dos Reinos Combatentes, com destaque para o Mandato do Céu, um conceito que legitimava o governo dinástico.
Rainha Mãe do Ocidente
Como a rainha dos deuses e espíritos imortais, especialmente os femininos em Xihua (“Flor Ocidental”), a Rainha Mãe do Ocidente, também conhecida como Xiwangmu, residia em um castelo dourado nas montanhas Kunlun. Ela era venerada durante a Dinastia Han, com seu culto popularizado e santuários construídos pelo governo. Esposa de Mugong, Senhor dos Espíritos, ou ocasionalmente associada a Shangti, ela recompensava seus seguidores com a imortalidade, mas punia aqueles que a desagradavam.
Guanyin
Inicialmente uma deidade indiana chamada Tara, Guanyin, a deusa da misericórdia e compaixão, tornou-se padroeira de marinheiros e pescadores na China. Sua jornada, que começou com lágrimas do bodhisattva Avalokitesvara, envolveu encarnar como Miaoshan para experimentar a humanidade. Admirada por sua compaixão, ela era popular tanto entre homens quanto mulheres.
Yan Wang
Yan Wang, o deus da morte e governante do pós-vida, presidia o julgamento das almas. Conhecido por decidir o destino pós-morte com base nas ações em vida, ele era representado como o maior entre os Senhores da Morte. Yan Wang, também chamado Yang-Wang-Yeh, Lord Yama e Lord Yama King, ilustrava a justiça inescapável no tribunal divino.
Nuwa e Fuxi
Nuwa e Fuxi, divindades mãe e pai dos seres humanos, desempenharam papéis essenciais na criação. Nuwa, nascida no início da criação, corrigiu os erros iniciais e moldou seres humanos a partir da lama do Rio Amarelo. Juntamente com Fuxi, representados como dragões-humanos, deram aos humanos os dons do fogo, escrita e habilidades para viver.
Caishen
Caishen, o deus da riqueza, figurava entre as divindades mais populares na China antiga. Sua representação como um homem rico simbolizava não apenas riqueza material, mas uma vida próspera e respeitável. Os seguidores precisavam provar sua dignidade através de trabalho árduo e devoção, pois Caishen generosamente recompensava aqueles merecedores.
Chang’e
Chang’e, a deusa da lua, destaca-se na poesia e literatura chinesa. Consorte do deus arqueiro Hou Yi, sua história envolve um eclipse lunar, a busca pelo elixir da imortalidade e a consequente transformação em um mito do Festival da Lua.
Zao Shen
Zao-Shen, conhecido como o Deus da Cozinha, residia acima do fogão em cada casa, simbolizando a felicidade e prosperidade do lar. Sua avaliação mensal da conduta familiar influenciava a riqueza e a felicidade. Na véspera de Ano Novo, sua imagem de papel era renovada em um ritual que incluía oferendas e queima de incenso.
Niu Lang e Zhi Nu
Deus e deusa do amor, Niu Lang e Zhi Nu, respectivamente, ilustram uma história romântica. Originando-se da constelação de Lyra, Zhi Nu, a deusa da tecelagem, apaixonou-se por Niu Lang, um vaqueiro. A Via Láctea separa-os, mas uma ponte é formada anualmente, na Sétima Noite da Sétima Lua, permitindo que fiquem juntos.
Menshen
Menshen, os guardiões da porta, surgiram na Dinastia Tang para proteger contra espíritos malignos. Originários dos pesadelos do Imperador Taizong, imagens pintadas de guardiões foram colocadas nas portas, proliferando por residências e edifícios como uma tradição durante o Ano Novo Chinês.
P’an Ku
P’an Ku, o deus da criação, é retratado como um anão peludo com chifres. Surgindo após o rompimento de um ovo cósmico, ele moldou o universo ao separar os princípios yin e yang. Criou a terra, o céu e adicionou detalhes, representando uma figura essencial na mitologia chinesa.
Outras Divindades
Essas entidades divinas, juntamente com inúmeras outras, foram objeto de adoração ao longo dos séculos pelo povo chinês. Apesar de alguns terem surgido em períodos mais recentes do que outros, todos desempenharam papéis significativos na vida da população.
Entre os muitos deuses notáveis, destacam-se Guan Gong (ou Guandi), venerado como o deus da guerra, um guerreiro notável e herói que recebeu deificação após sua morte. Sun Wukong, conhecido como o deus da travessura, tornou-se célebre por consumir os pêssegos da imortalidade e enganar os deuses para obter a vida eterna.
Fu-Shen, o deus da felicidade, Hou-Ji, deus do milho e dos grãos, Kailushen, o “Espírito que Limpa Estradas” protetor contra fantasmas e espíritos malignos, Sheji, deus do solo e dos grãos, ligado à fertilidade das colheitas, Wen Chang (ou Wendi), deus da literatura e patrono de estudiosos e escritores, e Cheng Huang, o “Deus da Muralha e do Fosso”, guardião das muralhas e portões das cidades, são outras divindades notáveis.
Apesar de a adoração a esses deuses ter sido proibida como “superstição” após a ascensão do Partido Comunista ao controle do governo chinês em 1949, persistiu secretamente entre o povo e continua a ser reverenciada em muitos lares ao redor do mundo até os dias atuais.
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