Dentro das crenças incas, Mama Cocha é uma das quatro divindades maternas elementares. As outras três são Mama Nina, a deusa do fogo; Pachamama, a deusa da terra e da fertilidade, responsável pelo ciclo de plantio e colheita, bem como capaz de desencadear terremotos; e Mama Waira, que instrui os Incas na arte de fiar.
Essas quatro divindades eram veneradas como as mães da vida, uma vez que governavam todos os aspectos considerados elementos naturais fundamentais, como terra, fogo, ar e água.
Espíritos da Natureza nos Mitos Incas
De acordo com a crença inca, todos os elementos da natureza, desde rios e lagos até montanhas e seres vivos, possuem um espírito. Os Incas acrescentam a palavra “mama” aos nomes dos animais para designar um protótipo gigantesco da espécie ou algo intimamente ligado a ela.
Mama Cocha: Deusa dos Mares e das Águas Sagradas
Mama Cocha é a venerada deusa inca dos mares e dos peixes, sendo também a protetora dos marinheiros e pescadores que enfrentam os perigos do oceano.
Além de fornecer abundantes peixes, ela é creditada por acalmar tempestades e garantir a segurança nas águas. Mama Cocha é esposa de Viracocha, o Deus do Céu, e mãe de Mama Quilla, deusa da lua e da fertilidade, e Inti (Inti Tayta), o deus do Sol. Seu domínio se estende a todos os corpos d’água, desde rios e lagos até marés e o vasto oceano.
A Ligação Profunda com o Lago Titicaca e Devoção Contínua
Em primeiro plano, Mama Cocha mantém uma relação singular com o sagrado Lago Titicaca, um elemento central nas narrativas da criação inca.
Acredita-se que suas águas são as lágrimas do Criador, das quais emergiram o sol e a lua, Inkari e Collari, os primeiros ancestrais da Nação Inka. Mama Cocha é particularmente significativa para as comunidades costeiras, dada a proximidade e dependência do mar em suas vidas diárias.
Ao longo dos séculos e até os dias de hoje, nas regiões costeiras do Peru, Equador, Colômbia e norte do Chile, a veneração pela deusa inca Mama Cocha continua arraigada.
Nas comunidades onde a pesca é vital para a economia e o bem-estar, Mama Cocha é adorada com profunda devoção, na esperança de que ela conceda uma pesca abundante e proteção contra tsunamis devastadores às cidades costeiras.
Até mesmo os agricultores oferecem preces e oferendas a Mama Cocha, reconhecendo seu controle sobre as chuvas anuais que afetam a saúde das colheitas e são cruciais para a agricultura.
Culto e Devoção a Mama Cocha
Os rituais dedicados a Mama Cocha são conduzidos exclusivamente por mulheres, pois esta deusa concede destaque ao seu próprio gênero, celebrando o feminino. Essas cerimônias são realizadas anualmente, precisamente no dia 8 de setembro, e incluem apresentações de danças, música e partilha de comida.
Uma tradição ancestral que persiste até os dias atuais envolve um ato de devoção à deusa do mar: o banho em suas águas à meia-noite. As mulheres que se submetem a esse ritual buscam bênçãos de saúde, beleza, fortaleza e fertilidade. Outra prática tradicional ocorre às margens de lagos e rios, onde devotos se curvam diante de todos os deuses, invocando a grandiosa Mama Cocha.
Esses rituais remanescentes dos tempos incas perduram como uma fonte de inspiração, contribuindo para a continuidade e renovação da rica cultura milenar deste povo.
Resumindo
Mama Cocha é uma deusa importante no panteão inca e é venerada como a deusa do mar e dos peixes. Suas origens remontam aos povos costeiros pré-incas da região andina, que adoravam uma deusa do mar para protegê-los. Mama Cocha foi posteriormente adotada pelos incas e se tornou uma divindade central em sua religião. Sua mitologia é rica e complexa e inclui histórias de sua relação com o deus criador Viracocha, sua associação com a fertilidade e seu papel no importante festival inca Capacocha.
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Referências:
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Burger, R. L. (1995). The Life and Writings of Julio C. Tello. University of Illinois Press.
Julien, C. (1982). Inca Religion and Customs. Indiana University Press.
Silverblatt, I. (1990). Moon, Sun, and Witches: Gender Ideologies and Class in Inca and Colonial Peru. Princeton University Press.
Sullivan, L. E. (1988). The Arts of the South American Indians: Ancient and Contemporary. Museum of the American Indian, Heye Foundation.