Hunab Ku representa uma divindade maia, sendo reconhecido na cultura maia como “O Único Deus”. Seu nome na língua maia é Hunab Ku, que se traduz como “o deus solitário”. Essa denominação deriva das palavras “hunab”, que significa solo, e “Ku”, que se refere a plumagem.
Na religião maia, ele ocupava uma posição de grande importância, pois era considerado o coração que coordenava todo o universo, servindo como a fonte primordial de energia que interligava todos os seres vivos e transmitia informações essenciais. Segundo a crença maia, essa divindade se manifestava por meio de diversas formas de energia, como luz, som, pensamento e amor.
Genealogia Maia
Os antigos maias veneravam uma ampla variedade de divindades, mas a hierarquia precisa de sua importância não é completamente clara. No entanto, é amplamente aceito que os maias antigos se referiam ao seu deus supremo como Hunab Ku, o qual era considerado o criador do universo. Hunab Ku era tão sagrado que se mantinha alheio aos assuntos cotidianos dos seres humanos.
Em seguida, em termos de importância, encontramos Itzamna, que era acreditado como sendo filho de Hunab Ku. Itzamna era o deus dos livros e da escrita, bem como o patrono da ciência e do aprendizado. Ele frequentemente era representado como uma figura semelhante a um dragão. Logo após Itzamna, em termos de relevância, estava sua esposa Ix Chebal Yaz, uma deusa associada à gravidez, às artes e à medicina.
Outros deuses notáveis na mitologia maia incluíam Ah Puch, o senhor da morte, Ek Chuah, o guardião dos mercadores, e Chaac, uma divindade representada como uma criatura de nariz alongado e presas, responsável por controlar relâmpagos, trovões e tempestades.
O Símbolo de Hunab Ku
Hunab Ku é um antigo símbolo maia que representa o Deus Supremo ou o Ser Único. A palavra “Hunab” denota “um estado de ser”, enquanto “Ku” refere-se a “Deus”. Este símbolo abrange todas as dualidades do universo e as une em uma unidade: masculino e feminino, luz e escuridão, yin e yang, consciente e inconsciente, interno e externo, entre outras. Alguns acreditam que Hunab Ku atua como uma ponte para conectar essas polaridades.
O símbolo de Hunab Ku é uma manifestação da crença na capacidade de unir forças opostas, comparável ao símbolo yin-yang, que apresenta espirais negras de um lado e espirais brancas do outro. Houve muito alarde em torno desse símbolo, especialmente devido à profecia maia relacionada ao ano de 2012, quando se previa que o Sol se alinharia com Hunab Ku, o centro galáctico do universo, ou o buraco negro descoberto pelos cientistas.
Origens do Deus Criador
Hunab-Ku é mencionado em apenas dois registros hispânicos: o Chilam Balam de Chumayel, uma coleção de textos sobre a cultura maia escrita nos séculos XVI e XVII, e o Dicionário de Motul, compilado pelos franciscanos espanhóis durante a evangelização dos maias. A Ordem Franciscana ganhou destaque histórico por ser uma das ordens mais influentes na Europa nos séculos XVI e XVII, bem como por enviar um grande número de missionários da Espanha para o Novo Mundo. Esses missionários foram enviados pela Coroa Espanhola com o objetivo de converter os nativos ao catolicismo.
A descoberta desses registros levou alguns estudiosos a conjecturarem que a “identificação” de Hunab Ku como uma divindade suprema (concebida como “o único deus vivo e verdadeiro”) foi influenciada pelos representantes do Cristianismo. Nesse contexto, os monges franciscanos que chegaram à Península de Yucatán durante o processo de evangelização buscaram implantar suas crenças monoteístas em substituição ao politeísmo praticado pelos maias.
Um dos primeiros líderes franciscanos a chegar à América em 1549 foi o futuro bispo de Yucatán, Diego de Landa Calderón. Ele foi o autor de “Relação das coisas de Yucatán”, que continha informações detalhadas sobre a religião, a vida e a língua maia. Infelizmente, em 1562, Landa decidiu queimar muitos códices maias na tentativa de erradicar o paganismo na região.
Essa ação destrutiva por parte dos espanhóis contra a antiga cultura maia resultou na sobrevivência de apenas três códices nativos e nas traduções maia-espanhol realizadas pelos monges franciscanos. Esses documentos testemunham a vida e a religião dos maias antes da chegada dos espanhóis.
Resumindo
Hunab Ku é uma figura importante na religião maia, embora sua origem e importância exatas ainda sejam objeto de debate. Enquanto alguns acreditam que ele era uma invenção dos missionários cristãos, outros argumentam que ele era uma divindade antiga que foi incorporada na mitologia posteriormente. Independentemente disso, é claro que o deus desempenhou um papel significativo na adoração e continua sendo uma figura fascinante para estudiosos e entusiastas da religião.
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Referências:
Maya-Spanish Dictionary (edição Cordemex 1980), Ralph L. Roys e Eric Thompson
Tedlock, D. (1996). Popol Vuh: The Definitive Edition of the Mayan Book of the Dawn of Life and the Glories of Gods and Kings. Simon & Schuster.
Coe, M. D. (2015). The Maya. Thames & Hudson.