Tlaloc, o governante das águas celestiais, dos relâmpagos e do granizo, além de ser o padroeiro dos agricultores, figura como uma das divindades mais ancestrais e significativas no panteão asteca. Evidências de pesquisa arqueológica sugerem que sua adoração já estava presente na Mesoamérica antes da chegada dos astecas à região central das terras mexicanas, por volta do século XIII dC.
Origem e Culto a Tlaloc
A origem do culto a Tlaloc é desconhecida, mas sua presença pode ser rastreada até as culturas pré-colombianas que habitaram a região central do México, como a Teotihuacan, a Tolteca e a Mexica (asteca). Durante a época pré-hispânica, Tlaloc era cultuado em todo o México central, em particular nas áreas que sofriam com a seca e as secas prolongadas, e sua imagem aparecia em muitas cerâmicas, esculturas e murais encontrados nessas regiões. Existem diversos registros arqueológicos e manuscritos antigos que mencionam a divindade e sua relação com a cultura asteca.
Na cidade asteca de Tenochtitlán, ergueram-se dois templos gêmeos na pirâmide do Templo Mayor. Um deles era dedicado ao grande deus Huitzilopochtli, representando a estação seca, enquanto o outro honrava Tláloc, ao qual foi concedido igual importância.
Os degraus monumentais que conduziam ao templo de Tláloc foram adornados com cores azul e branco, sendo a primeira cor representativa da água, um elemento fortemente associado a este deus. O templo de Tláloc estava situado no lado norte da pirâmide e marcava o solstício de verão e o início da estação das chuvas.
Dentro da pirâmide, foram encontradas oferendas relacionadas ao mar, como corais, conchas e vida marinha. Tláloc também tinha um templo localizado nas alturas da montanha fora de Tenochtitlán, impressionantemente posicionado no topo do Monte Tláloc, que tinha mais de 400 metros de altura.
O deus era especialmente venerado durante os meses de Atlcahualo (o 2º ou 1º mês do calendário solar asteca), Tozoztontl (4º ou 3º mês) e Atemoztli (o 17º ou 16º mês), quando eram feitas oferendas de flores em sua homenagem.
Para apaziguar o deus e obter seu favor, eram realizados sacrifícios, incluindo vítimas humanas, como crianças, cujas lágrimas eram vistas como um sinal de benevolência e associadas às gotas de chuva de Tláloc. Espigas e talos de milho também eram mantidos em casas particulares e reverenciados como símbolos de Tláloc em sua função de deus da fertilidade.
A crença também afirmava que Tláloc governava o paraíso sobrenatural de Tlalocán, onde aqueles que morriam devido a inundações, tempestades e doenças como a lepra eram acolhidos após a morte. Diferentemente da cremação comum, os falecidos eram enterrados com um pedaço de madeira, acreditando-se que dela brotariam folhas e flores assim que a pessoa adentrasse Tlalocán.
Posteriormente, durante o período pós-clássico no México, Tláloc foi associado a cavernas, que eram consideradas adequadas para um deus da chuva, mas também repletas de tesouros magníficos.
Características do Deus da Chuva
Tlaloc era frequentemente associado à chuva e à fertilidade, pois acredita-se que ele controlava o clima e as águas subterrâneas. Os astecas acreditavam que, ao oferecer sacrifícios ao deus, poderiam assegurar uma boa colheita e proteger suas terras da seca e das enchentes.
Na mitologia asteca, Tlaloc é representado como um deus jovem e vigoroso, com olhos grandes e uma coroa de penas de pavão na cabeça. Ele é frequentemente retratado como um ser ambivalente, com poder para trazer chuva e fertilidade, mas também para enviar tempestades e inundações.
O Deus da Chuva na Mitologia
No início da criação, antes dos deuses serem enviados à Terra como seres mortais, eles residiam em Tamoanchan, um paraíso criado pelo ser divino Ometeotl para suas divindades. Tlaloc, entre outras divindades astecas, desfrutava da eterna beleza e abundância deste lugar, onde a vida prosperava. Tlaloc estava unido em matrimônio com a jovem e bela deusa Xochiquetzal, simbolizando fertilidade, sexualidade e juventude.
Tezcatlipoca, uma divindade criadora asteca, cobiçou Xochiquetzal devido à sua beleza. Em um ato desrespeitoso tanto para com Ometeotl quanto para com Tlaloc, ele a roubou para si. No entanto, a perda de Xochiquetzal não deixou Tlaloc solitário por muito tempo. Ele logo se casou com outra deusa chamada Chalchiuhtlicue, a padroeira das águas terrenas, incluindo rios e nascentes. Esse casal, acompanhado por seus auxiliares, os Tlaloque, tinha o domínio sobre o mundo da água e controlava a estação chuvosa no ciclo agrícola.
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Referências:
Miller, D. (1996). The Gods and Symbols of Ancient Mexico and the Maya: An Illustrated Dictionary of Mesoamerican Religion. London: Thames & Hudson.
Smith, M. E. (2012). The Aztecs (2nd ed.). Oxford: Wiley-Blackwell.
Taube, K. A. (1993). The Major Gods of Ancient Yucatan. Washington, DC: Dumbarton Oaks Research Library and Collection.