Frequentemente identificada como Marzanna, seu nome em polonês, essa divindade é reconhecida como a deusa eslava associada ao inverno e à morte. Ela é também chamada de Morana nos idiomas tcheco, esloveno, sérvio e croata, More em lituano, Morena em eslovaco e russo, e Mara em bielorrusso e ucraniano.
Alguns pesquisadores sugerem que a origem etimológica de seu nome pode estar relacionada ao termo proto-indo-europeu para morte, “mor” ou “mar”, ou à palavra latina para morte, “mors”. No entanto, a verdadeira origem de seu nome permanece incerta devido à sua inserção na mitologia eslava, como será explorado posteriormente.
Origem do Nome
O nome Morana tem provável origem na raiz proto-indo-europeia *mar- , *mor-, que se relaciona com o conceito de morte. Diversas teorias sugerem que seu nome pode ter derivado da mesma raiz indo-europeia que deu origem ao termo latino “mors,” significando “morte,” e à palavra russa “mor,” que significa “pestilência.”
Alguns autores também estabeleceram comparações com a figura de uma égua, um espírito maligno presente no folclore germânico e eslavo, associado a pesadelos e paralisia do sono, conhecido como “Mora,” que possivelmente representa uma variação de Morana. Em regiões como Bielorrússia, Polônia, Ucrânia e alguns dialetos russos, a palavra “mara” é utilizada para descrever um “fantasma,” uma “visão” ou uma “alucinação.”
As Diversas Faces de Morana
Morana possui a habilidade de assumir diversas formas, sendo a mais notável delas a representação padrão de uma bela jovem de cabelos escuros e pele extremamente pálida, adornada com presas e garras de lobo.
Uma descrição semelhante foi associada a outra entidade de natureza similar conhecida como Kuga, que significa “a praga”. A lenda da praga nessa região era tão vívida que ofertas de queijo e bacon eram feitas em desespero, enquanto ela continuava sua devastação impiedosa.
Kuga se manifestava como uma velha magra, vestida de preto, que percorria o mundo, levando doenças fatais às pessoas. Ela não demonstrava compaixão e era considerada impotente diante da tarefa sombria que lhe foi atribuída pelos poderes superiores. Uma característica constante da representação da praga em todas as tradições croatas era a sua aparência esquelética e os pés semelhantes aos de uma cabra.
Kuga provavelmente era uma das manifestações de Morana, enquanto outra era Mora, um demônio feminino que atacava as pessoas durante a noite e se sentava sobre seus peitos, causando pesadelos. Essa atividade era acompanhada de expressões como “Noćna mora” (pesadelo), “Pritisla me mora” (senti o peso), entre outras.
Esses termos foram posteriormente transferidos para descrever outros infortúnios humanos em diversas expressões, como “Mori me žeđ” (estou com sede), “Mori me ljubav” (estou cansado de amor), “Smori me teret” (estou cansado do fardo) e assim por diante, preservando a memória da deusa Morana ou Mora em nosso vocabulário.
As bruxas também eram frequentemente associadas a Morana, assim como muitos outros seres demoníacos. Além disso, inúmeras lendas a retratam como uma velha malévola, egoísta, vingativa e feia, conhecida como Baba Yaga, que espreitava na floresta em busca de crianças para roubar e devorar.
Mitos e os Ciclos das Estações
As narrativas sobre o ciclo das estações variam consideravelmente, e as fontes originais são praticamente inexistentes. No entanto, uma história notável gira em torno do casamento de Morana com Jaryło/Yarilo/Gerovit, seu irmão gêmeo e uma divindade associada à primavera, à guerra e à agricultura.
Segundo a lenda, Morana era filha de Perun, o deus do trovão, e de Mokosz/Mokosh, a Grande Mãe. Originalmente, ela era uma deusa da natureza. Em sua juventude, Jaryło foi sequestrado pelo deus Weles e levado para o submundo de Nawia/Nav. Quando ele retornou, os gêmeos não tinham conhecimento de sua parentela e, consequentemente, se apaixonaram e se casaram.
A união entre a natureza representada por Morana e a agricultura personificada por Jaryło trouxe equilíbrio à natureza e, temporariamente, paz entre Perun e Weles. No entanto, Jaryło acabou cometendo adultério, o que levou Morana a matá-lo em virtude de sua traição.
Esse evento a tornou amarga e a transformou na divindade do inverno que conhecemos atualmente. Essa divisão é a explicação para as estações, uma vez que Morana mata Jaryło no outono, e ele, junto com uma deusa da primavera (geralmente Dziewanna ou Żywia/Vesna), a mata na primavera. O ciclo se repete anualmente, e nenhum deles pode prosperar enquanto o outro permanece.
Essa história revela um elemento de tragédia que muitas vezes está ausente em muitos mitos. Embora Morana seja temida, ela exibe características humanas, como desejo de vingança e coração partido. É importante destacar que a maioria das divindades da mitologia eslava evocava tanto medo quanto adoração.
Morana era temida pelos males e doenças que causava, mas também desempenhava um papel crucial no ciclo do mundo. Embora não fosse a divindade mais louvada, era reconhecida tanto por seu aspecto temeroso quanto por seu papel fundamental.
Rituais e Tradições Populares
Em várias regiões, incluindo a Polônia, Eslováquia, Lituânia e República Checa, há uma tradição antiga que envolve o afogamento e a queima da efígie de Marzanna no final do inverno, uma prática que perdura até os dias de hoje.
No passado, na Polônia, esse costume ocorria no quarto domingo da Quaresma. Posteriormente, passou a ser celebrado nos dias 20/21 de março, marcando o início da primavera.
A efígie é geralmente vestida com trajes femininos e é submetida a rituais de incineração ou afogamento, às vezes ambos. Ela pode ter tamanhos variados, desde tão pequena quanto um fantoche ou uma boneca até a representação de um manequim.
Este ritual simboliza o término da escuridão do inverno, a comemoração do primeiro dia da primavera e o renascimento da natureza.
Resumindo
Morana é uma figura fascinante e importante na mitologia eslava. Embora seja frequentemente associada à morte e ao inverno, ela também representa a promessa de renovação e vida. Sua presença na mitologia é um lembrete da rica tradição de divindades femininas que existem em muitas culturas antigas, e é uma figura que continua a fascinar e inspirar até hoje.
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Referências:
Helmold de Bosau. Chronica Slavorum.