Ísis é uma das divindades mais proeminentes do panteão egípcio, sendo neta de Rá, esposa de Osíris e mãe de Hórus. Embora sua fama seja atribuída principalmente a seus poderes mágicos e habilidades curativas, ela também era uma mãe extremamente protetora e uma esposa leal.
Suas ações de cura e compaixão eram conhecidas em todo o país, e aqueles que ousavam ameaçar seus entes queridos faziam isso por sua própria conta e risco.
Origens e Características
Conhecida também como a Rainha do Trono, seu cocar original era o trono vazio que pertencia ao seu marido assassinado, Osíris. Seus símbolos incluem o escorpião, que a protegeu enquanto estava escondida, o falcão (pipa), cuja forma ela assumiu ao trazer Osíris de volta à vida, o trono vazio e o sistro.
Sua representação mais comum era a de uma mãe altruísta, generosa e protetora, que priorizava o bem-estar dos outros sobre o seu próprio. Dependendo do papel que desempenhava, Ísis era conhecida por diferentes nomes, como Weret-Kekau (“a Grande Magia”) por seu poder e Mut-Netjer, “Mãe dos Deuses”.
Ela também era Sati, a deusa que trazia a inundação anual do Nilo para fertilizar a terra, e Ankhet, a deusa que criava e preservava a vida, entre outros.
Com o tempo, Ísis se tornou tão popular que todos os outros deuses eram vistos como meros aspectos dela, sendo adorada como a única divindade em todo o Egito. Ela, junto com seu marido e filho, substituiu a Tríade Tebana composta por Amon, Mut e Khons, que era a trindade de deuses mais reverenciada no Egito. Osíris, Ísis e Hórus são agora conhecidos como a Tríade de Abidos.
Genealogia
Ísis era a quarta filha dos deuses Nut e Geb, tendo como irmãos mais velhos Osíris, Hórus, o Velho, e Set, e uma irmã mais nova chamada Nephthys. Sua relação com Osíris era peculiar, pois começou ainda no útero, e assim eles nasceram como marido e mulher. Além disso, ela criou Anúbis, o filho bastardo de Osíris e Néftis, como seu próprio filho, após a mãe biológica abandoná-lo.
O Mito de Osíris e Ísis
Um dos mitos mais bem preservados da mitologia egípcia narra o assassinato de Osíris e a subsequente busca empreendida por Ísis para recuperar seu corpo.
A história teve início em um período de prosperidade e paz, quando Osíris governava o Egito, introduzindo a agricultura à sua população e erradicando a barbárie.
Após civilizar o Egito, Osíris empreendeu uma expedição com o objetivo de levar a cultura para outras regiões, estendendo-se da Índia à Etiópia. Enquanto Osíris estava ausente, Ísis assumiu o governo do Egito e, com a orientação de Thoth, revelou-se uma rainha bem-sucedida.
Set, irmão de Osíris, tornou-se invejoso do sucesso do irmão e elaborou um plano para assassiná-lo quando ele retornasse de sua jornada. Set organizou uma festa em honra ao regresso de Osíris e, durante as celebrações, enganou seu irmão fazendo-o deitar-se em um caixão ricamente decorado. Em seguida, selou a caixa com chumbo derretido e a lançou no rio Nilo.
Vestígios Arqueológicos
O culto a Isis ultrapassou as fronteiras egípcias e se disseminou por outras civilizações antigas, como Grécia e Roma. Ela foi associada a diversas outras deusas, como Deméter, Hera e Afrodite. Além disso, Ela foi uma das últimas divindades pagãs a resistir à influência do cristianismo, sendo venerada até o século VI d.C.
A deusa recebeu veneração generalizada tanto no Egito Antigo como em outras regiões do Mediterrâneo. Os templos dedicados a ela eram destinos para peregrinações, orações e rituais, atraindo reis, plebeus, homens, mulheres, egípcios e estrangeiros. O ankh, conhecido como a chave da vida, era o símbolo mais reconhecido associado a ela.
Diversos vestígios arqueológicos testemunham a importância e a influência de Isis na antiguidade. Alguns exemplos como referência incluem:
- O Templo de Philae, localizado na ilha de Agilkia, ao sul do Egito. Erguido pelos ptolomeus, governantes gregos do Egito, entre os séculos III e II a.C., esse templo era dedicado a Isis e Osíris. Considerado o último reduto do paganismo no Egito, foi fechado pelos romanos no século VI d.C. Apesar disso, permaneceu preservado sob as águas do rio Nilo até o século XX, quando foi transferido para uma ilha artificial, evitando a inundação causada pela barragem de Assuã.
- O Templo de Ísis em Pompeia, na Itália. Um dos raros templos que resistiram à erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C., que devastou a cidade romana. Esse templo evidencia a disseminação do culto a deusa pelo Império Romano e o respeito que os romanos tinham por ela. O local abrigava um altar, uma estátua da deusa, uma fonte sagrada e uma câmara subterrânea onde os iniciados realizavam seus rituais secretos.
- A Estela de Roseta, atualmente no Museu Britânico, em Londres. Essa pedra é renomada por possuir inscrições em três línguas distintas: hieróglifos egípcios, demótico egípcio e grego antigo. Ela desempenhou um papel essencial na decifração dos hieróglifos no século XIX. A estela contém um decreto emitido pelo rei Ptolomeu V em 196 a.C., que concede privilégios aos sacerdotes egípcios. Isis é mencionada várias vezes nesse decreto como a “senhora dos céus” e a “rainha dos deuses”.
Culto e Devoção
O culto a Ísis teve início no Delta do Nilo, com seu santuário mais significativo situado em Behbeit El-Hagar. Entretanto, a adoração a Ísis se espalhou por todo o Egito. Tanto homens quanto mulheres serviam como sacerdotes de Ísis, e os rituais associados à sua adoração eram realizados de maneira semelhante aos de outras divindades.
Um templo foi erguido como sua morada terrena, abrigando sua estátua, que era zelosamente cuidada por sacerdotes e sacerdotisas. Os habitantes do Egito eram encorajados a visitar o templo, onde podiam deixar oferendas e fazer preces. Contudo, apenas o sumo sacerdote ou a sumo sacerdotisa tinham permissão para adentrar o santuário onde a imagem da deusa residia.
No entanto, há poucos registros detalhados dos rituais associados à sua adoração. Similar aos Mistérios de Elêusis, o Culto de Ísis evoluiu para uma religião de mistérios que prometia revelar os segredos da vida e da morte aos iniciados, que então juravam guardar tais segredos em segredo.
Sabe-se que o culto prometia a vida eterna àqueles que se tornassem iniciados, mas os detalhes dos rituais permanecem obscuros. Foi somente quando o culto de Ísis se espalhou para Roma que as pessoas começaram a documentar suas práticas de forma mais ampla, deixando claro que o conhecimento dos rituais estava reservado aos iniciados.
Seu templo na ilha de Philae, no Alto Egito, permaneceu como um local de peregrinação ativa por milênios, sendo fechado apenas no século VI d.C. pelo imperador cristão Justiniano. Como “deusa do trono”, Ísis era considerada a mãe de todos os reis, mas sua benevolência se estendia além da realeza.
Resumindo
Em conclusão, Isis é uma das divindades mais significativas do panteão egípcio, sendo uma das mais antigas. Ela era venerada como a deusa da maternidade, fertilidade, amor e magia. Sua popularidade se estendia para além das fronteiras do Egito, sendo adotada por outras culturas antigas, como os gregos e romanos.
Conheça os melhores contos e lendas de todos os cantos do mundo!
Saiba tudo sobre a história das civilizações do mundo!
Conheça a mitologia de todos os cantos do mundo!
O canal “Contos de Todos os Cantos”, é um lugar onde você pode mergulhar em narrativas fascinantes e descobrir a rica história, mitologia, contos e lendas de todos os cantos do mundo. Aqui, você encontrará vídeos cativantes que exploram as histórias por trás das civilizações antigas, deuses e deusas, heróis e heroínas, e muito mais.
Se você é um amante de histórias e cultura, venha se juntar a nós em uma jornada emocionante através do tempo e do espaço. Inscreva-se em nosso canal e prepare-se para se maravilhar com as histórias incríveis que o mundo tem para contar.
Deixe nos comentários quais contos e lendas você gostaria de ver por aqui! Evoé!
Referências:
Wilkinson, R. H. (2003). The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt. Thames & Hudson.
Pinch, G. (2004). Egyptian Mythology: A Guide to the Gods, Goddesses, and Traditions of Ancient Egypt. Oxford University Press.
Redford, D. B. (2002). Ancient Gods Speak: A Guide to Egyptian Religion. Oxford University Press.