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A Lenda do Boto-Cor-De-Rosa

A Lenda do Boto-cor-de-rosa

A Lenda do Boto-cor-de-rosa gira em torno do boto cor-de-rosa, uma criatura similar a um golfinho, que supostamente se metamorfoseia em um belo homem ao cair da noite. Ele emerge das águas dos rios com o intuito de seduzir as mulheres que vivem nas margens.

Após envolvimentos íntimos, ele retorna às águas antes do amanhecer, revertendo à sua forma original. Esses encontros deixam as moças apaixonadas e, por vezes, grávidas.

 

Origens da Lenda

A tradição oral, que posteriormente foi registrada por escrito, tem perpetuado essas lendas e conhecimentos através das gerações, resultando em várias versões do mesmo mito folclórico. É comum que a narrativa seja adaptada para se adequar ao contexto da comunidade local, concedendo-lhe significado.

No caso específico do boto-cor-de-rosa, foi utilizada uma criatura real, o cetáceo presente nos rios da Amazônia, para explicar situações como gravidez sem um parceiro, frequentemente justificando casos de infidelidade e, em algumas situações, mascarando episódios de violência sexual, o que resulta nos chamados “filhos do boto”.

 

A Personalidade Amigável do Boto-Cor-de-Rosa

Considerado a variante de água doce do golfinho, ele é um ser aquático amigável que cativa visitantes de todo o mundo que exploram a região amazônica.

Hoje em dia, o boto-cor-de-rosa é considerado um aliado dos pescadores locais. De acordo com a lenda, o boto atua como uma espécie de guardião, auxiliando os pescadores durante a época de pesca. Adicionalmente, a história sugere que o boto os guia em segurança pelas águas tumultuadas durante tempestades.

Outro fato intrigante é a crença de que o boto é um salvador, intercedendo para resgatar aqueles que estão em perigo de afogamento.

Conforme explicado pela Dra. Vera da Silva, especialista em Ecologia e Reprodução de Mamíferos e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), o termo “boto-cor-de-rosa” é um resultado de um erro de tradução. Na verdade, estamos nos referindo ao “boto-vermelho”.

Esse erro surgiu de um documentário feito por Jacques Cousteau na Amazônia. Na região, ele é reconhecido como o “boto-vermelho”.

o boto é um ser aquático amigável que cativa visitantes de todo o mundo que exploram a região amazônica. (Banco de Imagens)

Para além de ser uma figura significativa no folclore local, o boto cor-de-rosa desempenha um papel crucial na fauna brasileira. Ele é a maior espécie de golfinho de água doce, entre as quatro existentes no mundo.

Machos podem atingir até 2,5 metros de comprimento e pesar cerca de 200 quilos, enquanto as fêmeas têm cerca de 2,2 metros de comprimento e pesam em torno de 150 quilos. Habitando os rios amazônicos, os botos se dividem em pelo menos três populações, cada uma delas distinta devido à sua localização geográfica.

Essas criaturas habitam a bacia Amazônica, o alto rio Madeira e a bacia do rio Orinoco, espalhando-se pelas águas do Brasil, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru. Dada a vasta extensão do seu território, os botos não precisam competir por território ou parceiros.

 

A Lenda e Suas Variações

Conta a história que no coração da Amazônia, durante o período das festas juninas, um boto-cor-de-rosa emerge das profundezas dos rios da região em uma noite estrelada. O que era anteriormente uma cauda e barbatanas agora se transforma gradualmente em pés humanos, dando forma a uma figura humana.

À medida que a escuridão da noite o envolve e a floresta o acolhe, surge um jovem robusto, de pele rosada. Nesse local, ele se apropria de algumas peças de vestuário retiradas do varal de um pequeno vilarejo próximo ao rio. Utilizando um traje elegante e um chapéu inclinado para ocultar seu proeminente nariz, o jovem se camufla.

Dessa forma, após algumas horas, ele se encontra na cidade, em busca de algo misterioso. Percorrendo as ruas, a enigmática criatura participa de festas e bailes, cativando as moças por onde passa devido a sua estatura e vigor físico.

Ao longo da noite, através de gestos galantes, ele conquista a atenção das jovens solteiras. Eventualmente, uma das moças se deixa persuadir por sua conversa envolvente e concorda em acompanhá-lo em um passeio de barco pelo rio.

E assim, no dia seguinte, a jovem desperta sozinha na embarcação após uma noite de paixão. Porém, há um detalhe que não passa despercebido por ela: do lado de fora do barco, um gracioso boto cor-de-rosa rodopia pelas águas do rio, como se estivesse oferecendo consolo.

Com o tempo, passados alguns meses, e sem que o jovem seja visto novamente pela moça, apenas uma única evidência permanece: um bebê! Independentemente do período em que o boto decide aparecer, a representação de sua forma humana é consistente em todas as versões da lenda: um homem atraente, esbelto, vestindo branco e ocultando sua cabeça com um chapéu (um vestígio de sua forma de cetáceo).

Como parte integrante da cultura amazônica, tirar o chapéu ao entrar em festas e eventos para mostrar a cabeça tornou-se um costume entre os jovens, uma vez que o boto utiliza esse acessório para esconder um de seus mistérios.

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