“Ela se apresentou ao seu pai vestida da própria terra, Onilé é a própria terra, a mãe terra”
A Filha Discreta de Olorum
No conto “Onilé: Orixá da Terra e Protetora da Vida”, somos levados a um universo mágico onde os deuses africanos, conhecidos como orixás, são os protagonistas. Escrito de forma encantadora, esse conto nos apresenta Onilé, a filha discreta de Olorum, o grande pai. Com uma narrativa repleta de simbolismo e ensinamentos, a história nos transporta para uma reunião celestial, na qual os orixás são agraciados com dons e responsabilidades. Nesta resenha, mergulharemos na profundidade desse conto e na importância de Onilé como a guardiã da Terra.
O conto começa revelando Onilé como a filha mais recatada e discreta de Olorum. Ela vivia isolada em casa, pouco vista pelos outros orixás e até mesmo desconhecida pela maioria. Nos momentos em que os irmãos se reuniam no palácio do pai, Onilé preferia se esconder em um buraco no chão, pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa e celebração, repletas de música e dança ao som dos atabaques. Onilé não se sentia à vontade no meio dos outros e preferia observar à distância.
A Reunião Celestial e a Escolha de Onilé
Um dia, Olorum convocou os orixás para uma grande reunião no palácio. Ele anunciou que distribuiria entre os filhos as riquezas do mundo e que a ocasião seria marcada por uma festa com muita comida, música e dança. Os mensageiros espalharam a notícia por todos os lugares e cada orixá se preparou com esmero para o evento, buscando as vestimentas mais belas e extravagantes.
Os orixás chegaram ao palácio em toda a sua exuberância. Iemanjá veio vestida com a espuma do mar, Oxóssi escolheu uma túnica de ramos macios adornada com peles e plumas, e Oxum cobriu-se de ouro, trazendo nos cabelos as águas dos rios. Cada um mostrava toda a sua criatividade e beleza, causando admiração por onde passava. No entanto, Onilé, mais uma vez, não se importou em se vestir bem ou chamar a atenção. Ela se recolheu em uma cova funda, vestida de terra.
Quando todos os orixás já estavam reunidos, Olorum anunciou que cada um deles havia escolhido o que considerava o melhor da natureza para apresentar como oferenda. Assim, cada orixá se tornou governante de uma parte específica do mundo natural, como o mar, as matas, o ferro e o ouro. No entanto, Olorum revelou que faltava uma importante atribuição: o governo da Terra, o próprio planeta onde os humanos viviam.
Onilé como a Protetora da Terra
Para surpresa de todos, Olorum proclamou que Onilé seria a governante da Terra, pois ela havia se vestido da própria Terra. Embora muitos não tivessem notado sua presença até aquele momento, Onilé era a guardiã invisível que sustentava a vida de todos. Olorum explicou que todas as riquezas concedidas aos outros orixás estavam na Terra, desde o mar e os rios até o ar e a chuva. Onilé, também chamada de Ilê, a casa, o planeta, era responsável por tudo que era necessário para a existência dos seres vivos.
Dessa forma, Olorum deu instruções para que todos os seres humanos pagassem tributo a Onilé, pois ela era a mãe de todos, o abrigo e a casa. A humanidade dependia da Terra para sobreviver, e cada ser humano deveria oferecer oferendas a Onilé, em forma de comida, bebida ou qualquer outra coisa que fosse da predileção do orixá, como forma de gratidão e reconhecimento.
Resumindo
O mito de Onilé, apresenta uma reflexão sobre a importância da individualidade e da auto expressão. Onilé é um exemplo de como a falta de confiança em si mesmo pode levar a perder oportunidades. A lenda também apresenta uma interessante visão sobre a criação do mundo e a distribuição dos elementos da natureza entre as divindades, um tema muito presente nas lendas africanas e que enriquece a mitologia iorubá.
Confira a lenda completa no vídeo:
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